domingo, 11 de abril de 2010

Mural


Nascer pequeno e morrer grande, é chegar a ser homem.
Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas para a sepultura.
Para nascer, pouca terra; para morrer toda a terra.
Para nascer, Portugal: para morrer, o mundo.

Padre António Vieira
Mural de azulejos, Rua do Correio Velho
Lisboa

terça-feira, 6 de abril de 2010

Como guaches

Diluído. Tudo.
Perdi o traço e perdi a folha,
Resta a água que dilui.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Microscopia

É o microscópico que apela ao grito.
Células, mapas genéticos, códigos,
No fim, tu.
Macroscópicamente falando, o mundo tem muita gente
E no entanto, o bater do teu coração é único.
A tua respiração mais que oxigenação do sangue,
Mecânica pura, música.
E, no fim, tu.
E o resto como folha em branco, aleatoriedade,
Mapa a tracejado de quem és e de quem conheces
De quem te conhece, a ti e à tua música,
A tua voz, a tua respiração e o bater do teu peito,
Sincronia e assincronia de válvulas, músculos.

O mundo tem muita gente, mas é o microscópico que apela ao grito.
Sempre o foi.

À tua.